sexta-feira, 18 de outubro de 2013

INDIGNAÇÃO - PRECONCEITO – INJUSTIÇA - PERSEGUIÇÃO

INDIGNAÇÃO -  PRECONCEITO –
INJUSTIÇA - PERSEGUIÇÃO

Venho por meio desta postagem mostrar minha indignação e dar minha cara para bater , por mais essa discriminação contra o povo cigano. Um povo abençoado com uma cultura e tradição diferenciada.
O tratamento  dado aos idosos pelos ciganos é de se fazer inveja aos não ciganos que maltratam seus idosos , internam em asilos.  E as crianças são sagradas para os ciganos.
Mas o povo europeu, principalmente , nutrem o mito de que ciganos roubam crianças e  CIGANOS NÃO ROUBAM CRIANÇAS.
Se formos buscar no site da REVISTA SUPER INTERESSANTE – no link- http://super.abril.com.br/cultura/saga-cigana-447715.shtml - na REPORTAGEM  A SAGA CIGANA -   no item VERDADES OU MENTIRAS  - a origem das histórias do imaginário cigano podemos ler que o mito que CIGANO ROUBA CRIANÇAS É MENTIRA -   dói para um cigano ver uma criança abandonada – TRECHO DA REPORTAGEM -  Ciganos roubam crianças -
Essa crença pode ter vindo do hábito dos ciganos de circo de incorporar à trupe crianças órfãs ou abandonadas que se encantavam pelo seu estilo de vida. Mas o mais provável é que o medo daquele povo desconhecido o tenha transformado em uma espécie de bicho-papão para os europeus.
Os ciganos tem 12 mandamentos – e o 5º é - Amar e não desmerecer nenhuma criança; -
ENTÃO VAMOS PARAR COM ESTE PRECONCEITO IMBECIL CONTRA OS CIGANOS -  E QUE AS AUTORIDADES INVESTIGUEM SIM , QUEM ABANDONOU A CRIANÇA E – COM CERTEZA -  OS CIGANOS AO VEREM ESTA CRIANÇA ABANDONADA ACOLHERAM-NA E LHE DERAM COMIDA, BEBIDA,  E UMA FAMÍLIA. E SAIBAM QUE CIGANOS NÃO SÃO MENDIGOS,  E PELAS FOTOS ESTA CRIANÇA ESTÁ MUITO BEM CUIDADA -  QUANDO SE SEQUESTRA ALGUÉM  -  PEDE-SE RESGATE -  COISA QUE OS CIGANOS NÃO FIZERAM -  SE LEREM A REPORTAGEM AS AUTORIDADES FORAM DAR UMA BATIDA POLICIAL NO ACAMPAMENTO E ACHARAM A CRIANÇA – NÃO TINHAM NADA O QUE FAZER ALI, OS CIGANOS NÃO PEDIRAM RESGATE E ESTAVAM APENAS CUIDANDO DA CRIANÇA ABANDONADA.


BABALORIXÁ DE XANGÔ E ESTUDIOSO DA CULTURA CIGANA E RESPONSÁVEL PELO BLOG - http://www.reidamagiacigana.blogspot.com.br/

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

OS CIGANOS MODERNOS

REVISTA ISTO É -  COMPORTAMENTO - N° Edição:  2015 |  18.Jun.08 - 10:00 |  Atualizado em 11.Out.13 - 17:33

Os ciganos modernos
REPORTAGEM DE CARINA RABELO

VIDA DUPLA  - Carlos Batuli com as filhas, a médica Iordana (à esq.) e a advogada Carla: quatro filhos na faculdade
Mirian tinha apenas 12 anos quando passou pelo maior constrangimento da sua vida. Ela estava na sala de aula quando uma menina da sua turma perdeu uma caneta de ouro e, imediatamente, apontou a culpada. "Foi a cigana!", acusou. Mirian, a única aluna que teve a sua mochila revistada na turma, chorava num canto, enquanto os colegas assistiam à humilhação pública. Nada foi encontrado. No dia seguinte, a menina achou a caneta. "Não vai me pedir desculpas?", questionou Mirian. A resposta veio com arrogância: "Não. Porque cigano é ladrão mesmo". Elas se atracaram na frente da diretora e os pais foram chamados na escola. O cigano Alberto, pai de Mirian, acostumado a ser ofendido, ficou calado e de cabeça baixa, mesmo ciente de que a filha era a vítima. Mirian teve de se defender sozinha para permanecer na escola. Naquele momento, decidiu que seria advogada.
Mirian Stanescon, 60 anos, foi a primeira cigana a ter curso superior no País. Ela se formou em direito na Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, em 1973, e resolveu se dedicar à causa dos ciganos Foi procuradora de Nova Iguaçu e, como advogada, elaborou em março, junto ao governo federal, uma cartilha de direitos do seu povo, como o registro do nascimento, saúde e educação públicas, que deverá ser distribuída aos 900 mil ciganos em todo o País. "Estima-se que a Romênia seja o país com a maior comunidade cigana. O Brasil é o segundo", afirma Perly Cipriano, subsecretário de Direitos Humanos da Presidência da República. "Eles ainda são muito perseguidos e precisam da proteção do Estado."
Os primeiros ciganos chegaram ao Brasil em 1574, expulsos da Europa pela Igreja Católica, que os considerava "um povo diabólico". No Brasil, se dividiram entre Calons - de origem portuguesa e espanhola - e Roms, do leste europeu, divididos em sete clãs - Kalderash, Moldowaia, Sibiaia, Roraranê, Lovaria, Mathiwia e Kalê, que se estabeleceram principalmente no Rio de Janeiro, Paraná, Pará, na Bahia e em São Paulo. Durante a segunda guerra mundial, os ciganos europeus perseguidos por Hitler aumentaram o contingente da comunidade brasileira. Para preservar as tradições, a maioria deles evitava convívio com os brasileiros.Alguns trabalhavam como menestréis, ferreiros, artistas e damas de companhia, mas a maioria vivia em economia de subsistência. Isolados nas barracas, não acompanharam as inovações tecnológicas e rejeitavam o acesso à educação, temendo perder as tradições. "A partir dos 13 anos, a escola era vista como um perigo por causa do convívio entre meninos e meninas. Até hoje, nem todas as famílias deixam a criança estudar após o ensino fundamental", afirma Patrícia Szameitat, 32 anos, cigana formada em enfermagem por influência da avó. "Ao contrário da maioria das famílias ciganas, a minha sempre foi matriarcal e a minha avó priorizou a educação", conta. Aos 17 anos, ela abriu mão do casamento com um primo - que só tinha visto duas vezes - pela faculdade. Patrícia permanece solteira e quer estudar física nuclear. "Muitos ciganos questionam por que ainda não tenho marido e filhos, mas não ligo. Não tenho pressa", diz.
Em geral, as mulheres são mais interessadas nos estudos do que os homens, que trocam a faculdade pelo comércio para sustentar a família. Mas, atualmente, eles já sabem do valor de um diploma. Carlos Alberto Batuli, 59 anos, conhecido como Carlinhos Cigano em Nova Iguaçu (RJ), onde fica a maior comunidade cigana no Brasil, criou a prole com este objetivo. Ele decidiu que os seus quatro filhos não enfrentariam as dificuldades que os seus parentes tiveram para conseguir emprego. "Meus primos tinham vergonha de dizer que eram ciganos. Eu queria que os meus filhos tivessem orgulho da origem e fossem respeitados na sociedade", conta.
O esforço compensou. Iordana se formou em medicina, Carla em direito, Patrícia em educação física e Carlos Dreik cursa fisioterapia. "Sou muito grata ao meu pai. Não deixei de ser cigana porque fiz faculdade e meu marido, que também é cigano, entende os meus plantões e respeita a minha escolha", afirma a ginecologista Iordana Carla de Sá Batuli, 33 anos. "Evolução não significa perder as tradições. Afinal, não vivemos como há 200 anos", complementa a sua irmã, a advogada Carla Andréia Batuli, 32.
PRECURSORA Primeira cigana com curso superior,  Mirian ajudou a elaborar a cartilha.
Nem todas as mulheres ciganas tiveram o incentivo da família na luta por um curso superior. Imar Lopes Garcia, 51, líder do clã Tsara-Romai na baixada santista, sonhava em estudar psicologia, mas foi proibida pelos pais e pelo marido, com quem se casou aos 16 anos. "Eles diziam que eu tinha que cuidar da casa e dos filhos e que estudar era coisa dos gajes (não ciganos)." Mas o sonho permaneceu. Além de ter se realizado ao ver três dos seus dez filhos concluírem a faculdade, Imar pretende trabalhar como assistente social na comunidade local. "Quero ajudar as mulheres do meu povo a terem melhores condições de vida", diz. Quem tem residência fixa pode estudar, mas os andarilhos ainda estão fora do sistema educacional. "Nosso próximo desafio é incluir os ciganos nômades no processo de alfabetização", diz o presidente da Associação de Preservação da Cultura Cigana do Estado do Paraná, Cláudio Iavanovitch.

Fonte - http://istoevip.terra.com.br/reportagens/5055_OS+CIGANOS+MODERNOS
Eles preservam a cultura, mas dão valor ao estudo até para defender seus direitos, agora expressos em cartilha do governo

terça-feira, 1 de outubro de 2013

COMO O CIGANO ENGANOU O DIABO

COMO O CIGANO ENGANOU O DIABO
É lendária e folclórica a imagem da esperteza dos ciganos, povo nômade que, por tradição e necessidade, fez dos negócios sua principal fonte de rendas. Nas vendas e nas trocas apregoa-se que é impossível enganar um cigano. Em nossa literatura, há inúmeros contos que retratam essa inteligência aguçada para o lucro e a agilidade com que parecem trapacear, mas que, na verdade, apenas exploram a pretensa esperteza de seus clientes, ou oponentes, em benefício próprio. Quando imaginam estar ludibriando um cigano, na realidade está apenas sendo ludibriado pela própria esperteza. Há, nos contos e lendas sobre os ciganos narrativas interessantes, que se tornaram tradicionais e, ao longo dos anos, foram sendo adaptadas e recontadas, atualizadas, modernizadas, mas sem perder aquele tempero próprio que ressalta a inteligência e a sagacidade cigana. O conto a seguir, , tem sua fonte no folclore eslavo e foi compilado por A. H. Wratislaw, em seu livro Sessenta Contos Folclóricos de Fontes Exclusivamente Eslavas, publicado em Boston, EUA, por Houghton, Mifflin, & Company, em 1890.
O DIABO E O CIGANO
A. H. WRATISLAW
Um velho cigano empregou-se como servo do diabo, que lhe disse:
— Eu te darei o que desejares para me trazer lenha e água regularmente e manter o fogo aceso sob o caldeirão.
— Feito! — respondeu o velho cigano.
O diabo lhe deu um balde e ordenou:
— Vai ao poço e tira um pouco de água.
Nosso cigano saiu, foi ao poço, apanhou água no balde e tentou retirá-lo com um gancho, mas, por ser velho, não conseguiu tirá-lo e foi obrigado a deitar fora a água a fim de não perder o balde. Mas com o que voltaria agora para seu patrão? Bem, o cigano arrancou uma estaca de uma cerca e revolveu a terra ao redor do poço, como se estivesse cavando. O diabo esperou, esperou e, como o cigano não retornava mesmo, ficou sem a água. Depois de algum tempo, saiu à procura do cigano e perguntou:
— Mas por que demoras assim? Por que não trouxeste logo a água?
— Bem, como? Eu queria tirar o buraco do poço todo fora para levá-lo para você, assim nunca lhe faltaria água!
— Mas você teria desperdiçado tempo, se tivesse feito algo assim. Não me trouxe o balde a tempo nem manteve o fogo aceso, pois a quantidade de lenha não pode ser diminuída.
E tirou a água e levou-a ele próprio.
— Ah! Se eu soubesse, teria feito isso há muito tempo — emendou o cigano.
O diabo o enviou então à floresta para buscar lenha. O cigano começou, mas a chuva o apanhou na floresta e molhou-o completamente. O velho enregelado não
podia inclinar-se para apanhar as varas. O que iria fazer? Bem, ele arrancou fibras dos arbustos e juntou várias pilhas, tecendo cordas. Foi ao bosque e amarrou uma árvore a outra com essas cordas. O diabo esperou e esperou e estava fora de seu juízo por conta do cigano. Foi até lá e, quando viu o que estava acontecendo, quis saber:
— O que você está fazendo para se atrasar tanto?
— O que estou fazendo? Quero levar-lhe madeira. Estou amarrando toda a floresta em um pacote, a fim de não perder tempo.
O diabo viu que estava perdendo tempo com o cigano, tomou a lenha e foi para casa.
Depois de resolver seus assuntos em casa, foi até um velho diabo para pedir seus conselhos:
— Eu contratei um cigano, mas ele é muito folgado e incômodo. Nós, os diabos, somos razoavelmente espertos, mas ele é ainda mais esperto do que nós. E o será até que eu o mate — confessou, furioso.
O velho diabo pensou por alguns instantes, depois sugeriu:
— Bom, quando ele se deitar para dormir, matá-o, para que ele não nos engane mais. É o que ele merece.
De volta para casa, o diabo e seu empregado se deitaram para dormir, mas o cigano, evidentemente, percebeu alguma coisa, porque colocou seu casaco de pele no banco onde geralmente dormia e escondeu-se sob o banco. Quando chegou a hora, o diabo pensou que o cigano estivesse em sono profundo, pegou uma barra de ferro e bateu no casaco de pele com tanta força que o som vibrou, espalhou-se por todos os lados e ecoou ao longe. Ele então se deitou para dormir, pensando:
— Oho! Agora é amém para o cigano!
Mas o cigano resmungou:
— Oh! — e fez um barulho sob o banco.
— Que tens? — surpreendeu-se o diabo.
— Oh, uma pulga me picou.
No dia seguinte, mal nasceu o dia, o diabo retornou correndo ao mais velho para se aconselhar.
— Mas como matá-lo? — indagou ele. — Quando lhe bati com um ferro, com todas as minhas forças diabólicas, ele só fez um barulho e disse que uma pulga o picara.
O velho diabo meditou por algum tempo, depois deu seu conselho.
— Então paga-o agora — disse ao jovem diabo — tudo o que ele quiser e manda-o cuidar de sua vida.
Assim fez o diabo e o cigano recebeu um saco de ouro e foi embora. Então o diabo ficou arrependido de ter gastado tanto dinheiro e consultou o mais velho de
novo.
— Alcança o cigano e propõe-lhe um desafio: quem chutar uma pedra com mais força ficará com o dinheiro.
O diabo saiu imediatamente no encalço do cigano.
— Espere, cigano! Tenho uma proposta a lhe fazer — falou, assim que o encontrou.
— O que você quer agora, filho do inimigo?
— Vamos chutar uma pedra. Quem a chutar com mais força, ficará com o ouro.
— Mas eu já tenho o ouro.
— Então, se ganhar, eu lhe darei um outro saco de ouro.
— Se é assim, então pode chutar — disse o cigano.
O diabo chutou uma pedra com toda a sua força, provocando um estrondo que ecoou longe, mas o cigano, sem que o diabo percebesse, derramou água numa
pedra antes de chutá-la.
— Eu ganhei, seu idiota! — disse o diabo.
— Ganhou coisa nenhuma. Eu chutei mais forte. Chutei com tanta força que
arranquei água da pedra.
O diabo ficou possesso, pagou, mas foi de novo em busca de mais um conselho. O mais velho disse:
— Faça um novo desafio. Leve seu cetro e aquele que o jogar mais alto ficará com todo o ouro.
O diabo gostou da idéia, pois seu cetro feito de aço era muito pesado, pesado demais para o velho cigano. Além disso, era seu objeto mais estimado e símbolo de seu poder.
O cigano já havia percorrido um bom trecho do caminho, quando olhou para trás e viu o diabo em seu encalço.
— Para! Espera, cigano!
— O que você quer, filho do inimigo?
— Vamos ver quem atira meu cetro mais alto. Quem vencer, ficará com todo o ouro.
— Mas eu já tenho o ouro — protestou o cigano.
— Se eu perder, eu lhe darei o dobro.
— Sendo assim, vamos lá. Tenho dois irmãos ferreiros no céu e ficarão muito
felizes em usar o cetro para fazer um bom martelo e um alicate de primeira —
disse o cigano, fingindo uma satisfação inesperada.
O diabo, então, se preparou e arremessou o cetro para o alto. Lançou-o com tanta força que o cetro zumbiu no ar e quase sumiu no alto, caindo em seguida.
O cigano o apanhou. Era pesadíssimo e ele mal conseguia segurá-lo. Olhou para o alto e gritou:
— Hei, irmãos, estendam as mãos um pouco mais para a direita... Sim, aí mesmo. Vou jogar. Podem pegar. Preciso que me façam um bom martelo e um forte alicate, pode ser?
Quando fez menção de jogá-lo, o diabo agarrou sua mão, impedindo-o.
— Não! Para! Seria uma pena derreter o cetro. Você ganhou — reconheceu, a
contragosto.
O diabo o pagou e correu novamente ao diabo mais velho para se aconselhar.
O diabo mais velho pensou bastante, depois aconselhou-o:
— Alcança-o mais uma vez e proponha: quem correr mais rápido até um certo
ponto, ficará com o ouro.
O diabo alcançou o cigano e lhe fez a proposta, ao que o outro lhe disse:
— Sabe de uma coisa? Não vou disputar mais com você, porque não é páreo
para mim, mas tenho um filho pequeno, Hare, que tem apenas três dias de idade.
Se você conseguir alcançá-lo, então disputarei com você.
O cigano vira uma lebre no descampado e disse:
— Lá está ele! Hare vá! Agora, então, pega-o — apontou ele ao diabo.
Quando a lebre, assustada com o grito, disparou, o diabo saiu em quase
voando atrás dela, mas a lebre corria em ziguezague, levantando uma nuvem de
poeira atrás dela, driblando-o e deixando-o para trás.
— Bah! — exclamou o diabo. — Ele não corre em linha reta.
— Na minha família ninguém corre em linha reta. Hare corre como lhe agrada
e como todos da família.
O diabo pagou novamente e retornou com o rabo entre as pernas. O mais velho diabo aconselhou-o a lutar. O mais forte ficaria com o ouro e lá foi novamente o diabo atrás do cigano.
— Eh! — disse o cigano, você não desiste mesmo. Ouve as condições para eu
lutar com você: tenho um pai, é tão velho que nos últimos sete anos vive recluso
em uma caverna, onde tenho levado alimento para ele. Não se banha e não cortou
os pêlos do corpo por todos esses anos. Se você o derrubar, então luto com você.
Ocorre que o cigano sabia da existência de um velho urso nas redondezas e
levou o diabo até sua caverna.
— Vá! — disse ele. — Desperta-o e luta com ele.
O diabo entrou e vociferou:
— Levanta-te, peludo! Vamos ter uma luta. Ai de mim! — choromingou de
imediato, quando o urso o abraçou, cravou suas garras nele, mordeu-o e o jogou
para fora da caverna. Pela última vez o velho diabo o aconselhou para que disputassem quem assobiava melhor e mais alto, tanto que pudesse ser ouvido o mais longe possível.
— Quem assobiar mais alto, fica com todo o ouro — propôs.
— Mas eu já tenho o ouro — replicou o cigano.
— Eu dobro, se perder.
— Mas se eu ganhar, terás de me dar também uma carroça e um bom cavalo para levar todo esse ouro.
— Que assim seja — concordou impaciente o diabo.
— Sendo assim, pode assobiar.
O diabo assobiou tão alto que o som ecoou por quilômetros.
Mas o cigano disse:
— Sabe de uma coisa? Quando eu assobiar, vais ficar cego e surdo. Enfaixa
teus olhos e ouvidos para protegê-los.
O diabo assim o fez. O cigano pegou duas lascas de um tronco caído ao lado e
bateu-as contra os ouvidos do diabo.
— Oh, para! Oh! não assobie mais ou vais me matar! Que a má sorte te acompanhe com teu cavalo, tua carroça e teu ouro! Vai para onde eu nunca mais
possa ouvir-te de novo! Não há como superar-te — desistiu o diabo, retornando
com o rabo definitivamente entre as pernas. Isso é tudo.
Fonte:

Wratislaw, A. H. Sessenta Contos Folclóricos de Fontes Exclusivamente Eslavas. Boston: Houghton, Mifflin, & Company, 1890.